Empresa de Bom Jesus (RJ) usa tecnologia da UENF para obtenção de óleo de semente de maracujá e leva Prêmio Brasil de Engenharia

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A empresa Extrair Óleos Naturais, que utiliza tecnologia desenvolvida no Laboratório de Tecnologia de Alimentos (LTA) da UENF para o aproveitamento das sementes de maracujá

, foi a vencedora do prêmio Brasil de Engenharia 2011 na categoria ‘Profissional’ – temática ‘Resíduos Sólidos’. Inaugurada há um ano e meio em Bom Jesus do Itabapoana, no Noroeste Fluminense, a empresa foi montada a partir de uma parceria entre a UENF, Embrapa Agroindústria de Alimentos e Pesagro, com financiamento da Faperj.


Já patenteada pela UENF, a tecnologia é fruto do Projeto APL-Maracujá, desenvolvido de 2006 a 2009, com o apoio do CNPq, e que tinha como objetivo recuperar a cultura do maracujá no Norte/Noroeste Fluminense. Ela foi desenvolvida a partir das pesquisas de doutorado das estudantes Suelen Alvarenga Regis e Eliana Monteiro Soares de Oliveira, com orientação do professor Eder Dutra de Resende, e permite prolongar a vida útil da semente de maracujá, preservando a qualidade do óleo. Com o uso da tecnologia, é possível separar completamente e de forma rápida as sementes envolvidas nas mucilagens e arilo — vesícula que contém o suco e que favorece o crescimento de micro-organismos. Esses materiais eram descartados como resíduos das indústrias de suco.


— A semente purificada e desidratada pode ser estocada por mais de seis meses, sem nenhum problema. Nessas condições, a prensagem permite a obtenção de um óleo mais puro, com melhor qualidade e um maior rendimento de extração — explica o professor Eder.


O óleo de semente de maracujá tem propriedades hidratantes, sendo matéria-prima para a indústria de cosméticos. O produto pode ser incorporado, por exemplo, a cremes, sabonetes e xampus. O LTA/UENF também vem desenvolvendo tecnologias para o aproveitamento das cascas e das mucilagens com arilo, que podem ser utilizados na produção de farinha rica em pectina.

O óleo extraído da semente entra na fabricação de cosméticos


Recentemente foi firmado um convênio de transferência de tecnologias da patente para a empresa Extrair Óleos Naturais pela Diretoria de Projetos da UENF — informa o professor. Através deste instrumento, os novos estudos sobre as melhorias de processos de aproveitamento dos resíduos da polpa do maracujá serão compartilhados com a Extrair Óleos Naturais, consolidando a parceria técnica da UENF com a indústria. Projeta-se que através do crescimento e da consolidação da empresa se possam viabilizar recursos para fomentar novas pesquisas no Laboratório de Tecnologia de Alimentos.


O Prêmio Brasil de Engenharia é concedido pelo Sindicato dos Engenheiros do Distrito Federal e Instituto Atenas de Pesquisa e Desenvolvimento – Brasil, com o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Academia Brasileira de Ciências (ABC), Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA Brasil) e da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE). Um dos objetivos do prêmio é estimular o pensamento científico e a inovação na produção tecnológica nacional.


‘Casamento perfeito’


A idéia de abrir a fábrica surgiu quando o empresário Sandro Reis participava de um congresso de óleos em Lavras (MG). Ele conta que, empolgado com a ideia, buscou na internet mais informações sobre a cultura do maracujá no Estado do Rio de Janeiro. Acabou encontrando o pesquisador Sérgio Cenci, da Embrapa, que na época estava envolvido com o projeto APL- Maracujá.


— Mandei um e-mail para ele, que prontamente me respondeu marcando uma reunião. Por incrível que pareça, ele também tinha uma ideia idêntica à minha. Então, montamos o projeto e submetemos à Faperj para captar recursos. Aí entrou o professor Eder, que já pesquisava o aproveitamento de resíduos das indústrias de sucos. O casamento foi perfeito — diz.
Sem experiência no ramo, Sandro passou dois anos estudando o assunto — da montagem do projeto até a inauguração da empresa. A Faperj investiu R$ 250 mil em três projetos, e o próprio Sandro investiu mais R$ 200 mil de capital próprio.


Atualmente, ele compra as sementes de fábricas de suco situadas nos Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia. O óleo extraído das sementes de maracujá é vendido para empresas de cosméticos de São Paulo, Acre, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A partir deste mês, a empresa também vai fornecer o produto para uma rede de hospitais dos Estados Unidos.


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Campos dos Goytacazes (RJ), terça-feira, 07 de fevereiro de 2012 – Nº 3.023